Um Airbus A330 da Air France desapareceu dos radares esta madrugada com 228 pessoas a bordo, saindo de Rio de Janeiro rumo a Paris (Charles-de-Gaulle). 216 passageiros e 12 tripulantes.
E' um voo longo e transatlantico, e voar sob o oceano e' sempre "especial" porque as condiçoes atmosfericas podem ditar a segurança de um voo, por mais normal que esteja a correr.
O porta-voz da Air France ja' veio dizer que o aviao podera' ter sido atingido por um relampago, dado que os pilotos informaram que estavam a sofrer problemas electricos depois de terem atravessado uma tempestade e uma zona de turbulencia severa.
A autonomia do aviao ja' se esgotou, e como nao ha' provas de ele ter aterrado num outro aeroporto qualquer, e' quase certo que estara' caido algures pelo oceano.
Creeping line ahead e' o termo que designa a busca feita por outros avioes a um outro desaparecido. O aviao de salvamento parte do mesmo ponto de origem que o aviao desaparecido e vai voar a mesma rota que o mesmo. Por sua vez, os sobreviventes do aviao caido (se houver) deverao usar tudo o que disponham para fazer sinais do solo para o ar. Qualquer coisa mesmo, seja pedaços do aviao, uma tocha, uma boia, etc, porque o aviao de resgate vai voar a mesma rota mas mais baixo. Nao precisam de procurar la' em cima porque o outro nao ficou la' parado numa estaçao de serviço de certeza.
Por sua vez, o aviao de resgate, quando alcançar visualmente destroços/sobreviventes tera' tambem que sinalizar a descoberta. Durante o dia balança-se para a esquerda e direita duas vezes, 'a noite liga e desliga as suas luzes de navegaçao duas vezes.
Para ajudar na localizaçao do aviao e/ou vitimas, a tripulaçao de cabine possui um equipamento de localizaçao que emite sinais via radio aos radares, de forma a funcionar como GPS. Entre varios nomes, pelo menos a mim foi-me apresentado como ELT - Emergency Locator Transmiter. No momento da evacuaçao, um membro que esta' responsavel pela operaçao desse aparelho, liga-o e leva-o com ele, predendo-o 'a cintura ou ao colete salva-vidas, em caso de amaragem. Isto tudo claro, se houver tempo e se sobreviverem ao impacto. E e' para isso que servem as demonstraçoes de segurança antes da descolagem, porque nem sempre ha tripulantes para evacuar passageiros. Portanto, para aqueles que leem uma revista ou andam a tirar fotos durante a mesma, lembrem-se de casos destes.
Fala-se tambem em descompressao (perda de pressao na cabine), mas dado que isso e' um acontecimento que permite comunicar um Mayday, tambem ja' foi colocado algo de parte. Contudo, a partir de 35,000 pes, que de certo o aviao ia mais alto que isso porque ja' tinha feito mais de 4 horas de voo, o tempo util de consciencia numa pessoa normal sem oxigenio e' de 18 segundos, aproximadamente. Dai que a colocaçao de oxigenio numa descompressao seja IMPERATIVO! E' o ponto N.1 do nosso exercicio. Mais tarde coloco o procedimento completo aqui.
Outros ja' dizem que pode ter sido uma bomba... Nao me convence, mas pronto. Pirataria tambem ja' excluiram porque mesmo que os piratas conseguissem desligar o receptor do aviao, ele continuaria a aparecer nos radares militares e ja' foi declarado que tambem deixou de aparecer nos mesmos durante a madrugada.
Assim sendo, o aviao nao pode estar inteiro para nao enviar qualquer tipo de sinal. A caixa negra (que por acaso e' laranja) ate' pode estar inteira, mas a 500m de profundidade no Oceano Atlantico nao funcionara' devido a pressao.
O que me parece mais credivel, e' ter havido um problema electrico, tal como foi comunicado pelo piloto, e o mesmo provoca falha nos sistemas de radar, hidraulicos, etc. Um curto-circuito facilmente provoca um fogo a bordo, dado que la' dentro e' tudo facilmente inflamavel. Como disse um piloto de uma companhia portuguesa hoje: "Hoje em dia um aviao e' uma bomba motora. Ha de tudo la dentro: ha oxigenio, ha fios electricos, ha calor, ha combustivel.. Tudo isso pode desencadear um acidente iminente". Estao a ver porque e' que andar de aviao nao e' o mesmo que andar de autocarro/comboio?! Tenho dito!
Nao sou ninguem para dizer o que aconteceu, mas utilizando os meus conhecimentos e com as noticias que vejo, formulo a minha teoria: todos os pilotos tem um plano de voo que diz por onde e' que eles tem de ir e como esta' o tempo para onde e por onde vao. Claro que nao e' uma previsao infalivel, mas guia. Contudo, um Comandante pode alterar a sua rota se for necessario, para evitar uma tempestade ou uma zona de turbulencia que possa resultar em perigo. Neste caso, a tempestade e' detectavel nos radares, mas a turbulencia nem sempre. E naquela zona especifica do oceano fala-se que o tipo de navegacao tem de ser ligeiramente diferente do que no espaço aereo europeu, por exemplo. Mas nao e' por ai que se complica. Para mim, o Comandante achou que nao seria uma tempestade forte o suficiente para se desviar dela, porque se se vai a desviar de todas as tempestades que encontra nao faz outra coisa que andar aos "S", e mesmo que saiba que foi atingido por um relampago, nao e' possivel saber ao certo que tipo de estrago provocou. Pode ter sido algo que nao provocou uma avaria imediata. Mas como atravessam tambem turbulencia severa, que nao deve ter sido das detectaveis, o que se calhar estava estragado, fica ainda mais. E como quase todo o aparelho funciona a base de energia electrica, havendo o problema dessa natureza (como foi comunicado), facilmente se perde o controle dos ailerons, flaps, rudder (leme da cauda), e outros instrumentos que permitem sustentar o aviao no ar de forma a poder voltar atras e aterrar de emergencia.
Em pleno oceano, resta a amaragem, que ja sendo uma manobra de ultimo recurso e extremamente dificil de executar durante o dia, imagine-se 'a noite. E' sempre uma manobra imprevisivel que na maioria das vezes resulta em catastrofe.
Agora, resta esperar pela descoberta do que estiver inteiro, porque sobreviventes nao havera.
